quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Profissão blogueiro

Um belo dia viu que poderia dizer tudo que pensa não só para o espelho. E nem precisaria subir num caixote em praça pública, como havia sugerido seu melhor amigo. Nesse dia, enxergou o sol mais brilhante e o mundo menor, bem menor. Foi há cerca de seis anos, quando recebeu um e-mail de um dos grupos do qual fazia parte. Pensou até que fosse vírus, pois o e-mail trazia apenas uma palavra que jamais ouvira falar, blog. Venceu o medo e clicou.

Leu o texto de cabo a rabo e, no ponto final, já tinha decidido: queria criar o seu próprio blog, uma página na web que poderia atualizar, freqüentemente, com o que lhe desse na telha. Na terceira semana, já havia mais de 90 textos postados. E o melhor, comentados por quem desejasse. Um visitante revelou ter usado uma das poesias que João colocou no blog para se declarar à amada. O outro disse ter chorado ao ler o último post de João, sobre a morte do pai. Descarregava toda emoção nas teclas. Recebia a mais pura gratidão do público. Suas palavras estavam fazendo não apenas ele melhor.

E, de repente, viu seu blog virar manchete de jornal: “Fenômeno da literatura na web”. Pensou que poderia ter acontecido algum mal entendido, até receber a primeira ligação de um jornalista, querendo agendar uma entrevista. Seu blog lhe rendera muito mais que liberdade de escrita, João, vendedor ambulante, agora se apresentava como blogueiro de coração e de profissão.

Embora a história de João seja fictícia, muita gente já ficou famosa por conta dos blogs. Recentemente, foi lançado o filme Nome Próprio, de Murilo Salles, inspirado na vida da escritora Clarah Averbuck, uma das primeiras blogueiras do Brasil. O filme, que também conta com um blog, pretende mostrar como a nova geração se relaciona e conhece o mundo pela Internet.

A publicitária Cris Guerra criou um blog para apaziguar a dor. Em Para Francisco, ela conta ao filho, Francisco, sobre Gui, seu grande amor e pai do menino. Gui faleceu dois meses antes de Cisco nascer. Agora, Cris acaba de lançar o livro de mesmo nome e que reúne textos do blog, além de produções inéditas.

Além deste, eu também tenho alguns blogs, não que tenha a intenção de ficar famosa. O Devaneadores é um projeto coletivo, inspirado na Devaneios, uma revista de duas amigas queridas, a Cecília Araújo e a Lígia Tolentino. Lá, a gente escreve a mil mãos em busca de uma nova palavra, de muitos sentidos. O outro é o Um trem. Está meio abandonado (administrar muitos blogs não é muito fácil), mas nasceu pela vontade de compartilhar produções. Deu vontade de falar um trem? Não hesito e posto. O nome revela também um tanto da minha mineiridade...

2 comentários:

Uai disse...

Me lembrou o livro "Martin Eden" de Jack Londom.
Beijos moça

Pauliane disse...

Oi Flávia,

sou da Fafich/UFMG, e estou te procurando há um tempão! Por favor entre em contato comigo pelo e-mail paulianecb@gmail.com!

obrigada,

Pauliane.